quarta-feira, 17 de junho de 2009

Os Velhos Estádios de Futebol - Artigo Jornal "i" - de Silvia de Oliveira


O governo de Sócrates tem toda a legitimidade, a apenas três meses das legislativas, para decidir o futuro do país, aprovar e fazer avançar projectos estruturantes. Pois tem. Nada na Constituição impede este ou qualquer outro governo de investir em comboios de alta velocidade, em aeroportos, em mais travessias do Tejo e parcerias público-privadas para hospitais. Basta que esteja em funções e que as decisões não extravasem as suas competências. Pode, mas deve? Deve, a pouco tempo de se submeter a novo escrutínio, assumir compromissos de vários milhares de milhões de euros que irão comprometer os orçamentos do Estado dos próximos anos? Nas actuais circunstâncias, a resposta é não. É o bom senso, tão útil nestas coisas da vida, que o impede, e não o resultado das eleições europeias deste domingo. Não existindo, nesta pasta das grandes obras, consenso entre PS e PSD, os dois partidos que se revezam na governação, é sensato que quem está no poder faça uma pausa neste tipo de decisões que comprometem a vida de gerações.

A história é importante para nos conhecermos. A campanha para as legislativas de 2002 foi marcada pela polémica dos estádios. Portugal candidatou-se ao Euro 2004 era primeiro-ministro António Guterres e ministro do Desporto José Sócrates. Ficou decidida a construção de sete novos estádios e a remodelação de outros três. Investiram-se centenas de milhões de euros. Durão Barroso, na oposição, tornou-se primeiro- -ministro poucos meses depois.

Herdou um problema grave de défice das contas públicas. Estádios de futebol incluídos. É história.

Silvia de Oliveira - Jornal "i"

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